"Pobre paulista... Pobre São Paulo!"

Fora os engarrafamentos insuportáveis, a poluição sonora, o cheiro e a densidade do ar. Nas poucas passagens pela cinzenta São Paulo, o que mais perturbou por lá, foi não ver o sol. Fato que, não tirou o brilho da cidade. Além do súbito mal estar nas ruas paulistanas, outra lembrança é a abundância de pessoas e a quantidade de anúncios nas vias. Agora, a selva de pedra corre o risco de ficar mais cinza ainda. Um projeto pretende eliminar, o que para muitos, é poluição visual - “o Outdoor”. A medida promete ser radical e quer banir o trabalho dos criativos de uma vez por todas das ruas. Um anúncio volátil como o Outdoor, que na maioria das cidades transmite o recado em cerca de oito segundos, vai perder espaço na metrópole que mais se alimenta de suas mensagens. O trânsito caótico de Sampa deixa o indivíduo exposto durante minutos ou até horas ao grande formato - o que pode ser uma distração para quem está trancado em um carro e um prato cheio para o resultado esperado pelo veículo. O verdadeiro stress é que ao lado de campanhas bem feitas, existe aqui e acolá, um painel meia-boca, sem autorização para veiculação, nenhum padrão estético e que tampouco ilustra algo criativo, realmente ilegal em todos os sentidos. Os passeios públicos, são um desfile estático de um carnaval grotesco de anunciantes malsucedidos. Um verdadeiro emaranhado de publicidade de toda qualidade, dizendo: “compre para ser feliz”, “use para ser melhor”, “faça para ficar bem”. Sem esquecer as constantes tentativas propagandistas de educar a população, “não beba”, “não fume”, “não mate”, “não morra”, “doe seus órgãos”, “chega de violência”... Ou as chamadas no melhor estilo “tabajara” fazendo vergonha aos profissionais do ramo. É tanto "lugar-comum" e são tantos imperativos fracos, que o pobre motorista realmente não saberia apontar o que mais lhe perturba no trânsito, se os intermináveis congestionamentos ou as ordens subliminares da melhor publicidade brasileira misturada aos desmandos de maus divulgadores (para não mencionar todos os terrores da sociedade diante da violência e impunidade, isso é outro assunto). São Paulo é uma revista aberta, multíplice, politemática, musical, interativa, inesgotável, mutante e imprescindível, para uma leitura rápida ou assinatura constante. Melhor dizendo é uma enciclopédia. Inspira e emana informação. Um simples passeio por suas ruas transmite uma descarga de conhecimento de anos luz. São Paulo não é feia, tampouco bela, São Paulo é SP. Coração econômico. Braço forte. Termômetro cultural. Ponto de equilíbrio. Início, meio e fim. Referencial. Fábrica de loucos. Onde tudo acontece. Detentora da melhor massa criativa na publicidade do Brasil – uma das melhores do mundo. Chega de salvas! Mas, se a W/Brasil me quiser por lá eu vou até no lombo de uma onça. São Paulo é sonho e pesadelo. Lucidez e utopia. É monocromática e colorida. E é uma grande pena imaginar que suas páginas poderão perder a ilustração da boa propaganda de rua. Ainda ingressando no ramo da Comunicação, acredito que, exceto o impacto econômico que a Central do Outdoor; seus afiliados; os criativos; as gráficas; os locatários e o pessoal da colagem, sentirão nos próximos tempos, caso seja decretado o fim do outdoor na paulicéia - concretizado esse projeto e aprovada a tal Lei 14.223/06, o fato em nada vai afetar os desempenhos publicitários, ao contrário - isso os provocará mais. Pois sem dúvida dará início a uma nova fase da mídia exterior. Os caras da P&P paulistana acharão outros recursos, inimagináveis agora, para seduzir os consumidores, transeuntes ou motorizados. Não há de todo um mal, os habitantes voltarão a ver melhor a cidade e constatar que seus prédios e muros estão cada vez mais pixados, cravados de balas aqui e ali. Que o céu fica cada vez mais cinza, a ponto de deixar qualquer escocês sentindo-se em casa. E que os engarrafamentos serão mais tediosos sem aquele anúncio interessante abstraindo o pensamento por alguns instantes e provocando desejos e emoções. Afinal na frente haverão vários automóveis em marcha letárgica, mas o frenético e (talvez) já “não estressado” paulistano - que fora purificado visualmente com a medida, não se importará com isso. É o seu cotidiano.

EXTRA!

Justiça assegura permanência do outdoor

A Central de Outdoor e suas exibidoras afiliadas vêm comunicar a SENTENÇA proferida em 20 de dezembro de 2006 pelo juiz da 4ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, Luís Paulo Aliende Ribeiro, que suspende a Lei 14.223/06 e assegura a permanência da mídia outdoor até 31/03/2007. A decisão se aplica a todas as exibidoras afiliadas ao SEPEX e segue a interpretação de diversas outras decisões jurídicas já expedidas que consideram abusivo o Projeto do Executivo paulistano. A Central de Outdoor, juntamente com as entidades do mercado, continuará envidando todos os esforços para tornar definitiva a decisão judicial, bem como promover a aplicação da Lei 13.525, que se for cumprida pelo Executivo, transformará a cidade de São Paulo em um ambiente urbano organizado e sem poluição visual. A Central de Outdoor e suas exibidoras afiliadas continuam na luta pela regularização da mídia exterior e reafirmam seu compromisso:

Só queremos o que é legal!

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