Asas do desejo (Der Himmel über Berlin) - Wim Wenders; 1987


Momentos como aquele,
como este de agora...
serão uma bela memória
dentro de 10 anos.
O tempo curará tudo, mas,
e se o tempo for a doença?


Como nas vezes que precisamos
nos inclinar para continuar vivendo.
Viver... Uma olhada é o bastante.


O circo...
Terei saudades.
Engraçado.
É o fim e não sinto nada.


Devo parar de ter maus pensamentos.
Como se a dor não tivesse passado.
Tudo se acaba quando está apenas começando...
ai seria bom demais para ser verdade.


Enfim fora, na cidade.
Descobrir quem sou,
quem me tornei.


Na maior parte do tempo,
estou muito consciente para estar triste.


Esperei uma eternidade
para ouvir uma palavra amorosa.
Então viajei.
Para encontrar alguém que dissesse:
"Te amo tanto".
"Seria maravilhoso".


Eu olho para cima e
o mundo aparece diante dos meus olhos
e preenche meu coração.


Quando criança,
queria viver numa ilha.
Uma mulher sozinha,
gloriosamente sozinha.


Sim, é isso.
Tudo tão vazio,
incompatível.
O vazio, o medo.
O medo, o medo, o medo... O Medo.
Como um pequeno animal,
perdido nos bosques.


Quem é você?
Já não sei mais.
Mas disso sei:
Não serei mais uma trapezista.
Não devo chorar.
As coisas são como são.
Nem sempre acontece como se deseja.
O vazio, tamanho vazio...


O quê devo fazer?
Não mais pensar.
Apenas estar.


Berlin... Aqui sou uma estranha,
e ainda assim tudo é tão familiar.
Você pode se perder,
que sempre vai parar no muro.


Espero por minha foto na máquina,
e ela vem com outro rosto.
Este pode ser o início de uma estória...
Os rostos... Gostaria de ver rostos.
Talvez encontre emprego como garçonete.


Esta noite me assusta.
É bobo, mas o medo me faz sentir doente.
Apenas parte de mim se preocupa,
a outra parte não acredita.


Como devo viver?
Talvez esta não seja a pergunta.
Como devo pensar?
Sei tão pouco.
Talvez porque seja sempre só curiosa.
Algumas vezes me equivoco pensando...
porque penso como se estivesse falando com outra pessoa.


Abro os olhos fechados,
fecho os olhos de novo.
Então até as pedras criam vida.
Passam a ter cores.
As cores.
Luzes de neon no céu da noite,
o metrô vermelho e amarelo.
Desejando... Desejando.


Só preciso estar preparada.
Desejo uma onda de amor que me balance.
É isto que me faz desastrada,
a ausência de desejo.
Desejo de amar.
Desejo de amar.


Fonte:www.legendas.tv







O viver divino e efêmero na reflexão de Marion, e
agora minha também - outra ex-trapezista do amor.


DEDICADO A TODOS OS EX-ANJOS.

4 comentários:

Sandra. disse...

:))

amar...o amor simplesmente acontece :))

xinhuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuus pa tu da lua

Fabio disse...

Talvez, se esse seu texto tivesse outro nome seria aquele homônimo de uma poesia do Drummond: "A falta que me ama". Em outro belo poema, a temática (a sua e a dele) se repete: "...amar a nossa falta mesma de amor e na secura nossa amar a água implícita e o beijo tácito e a sede infinita." Acho que fiquei um pouco vazio lendo o que você escreveu, fiquei mais rico.

Iasnara disse...

Sandra;
o amor é o maior mito do homem.
xinhos pa lua.

LB;
seus olhos são suspeitos.
bjo.

Fabio
Ando pensando nesse meu repetir.
É um eco tolo. Me falta assunto ou talvez variação nas leituras do mundo.
Beijo.

lesadopelogolpe disse...

uau


eu amei um dia assim. tava errado

me vi nas primeiras linhas