meu coração mudou de casa
queimo nesse novo lugar.
fibras inflamáveis, sabe como é...
precisava de um espaço gladioso
para montar o tear dos sentimentos, tramar.

me sinto dentro.
de início evito abrir janelas.
paixões efêmeras sopram forte no átrio da rotina.
sujam tudo e logo empoeiram o lugar.

as paredes são novas. o chão firme.
tudo intacto. casto contato.

disfarço o susto do bombardeio que carrego.
mas não nego minha traiçoeira calma.

do peito faço morada.
vício. ofício.

então fabrico.
fabrico tapetes, tapetes fabrico.
tapetes de fibras simpáticas.
fabrico mantas de tecido estriado,
e cobertores no tom vermelho-cardíaco.

sentidos estocados. dias e noites de produção.
e no impulso as fibras entram em disposição.

meu amor já mora, namora e trabalha, ali.
mora assim, mora sim.

e é o mesmo,
nervoso, autônomo.
a esmo.

2 comentários:

Thuan Carvalho disse...

Eis minha casa, coração.

casa-coração.

Mariana Zambon Braga disse...

incrível!