Extinção

O lobo-guará é manso foge de qualquer ameaça é solitário avesso ao dia, tímido detesta as cidades para fugir do ataque cada vez mais inevitável dos cachorros atravessa estradas onde quase sempre é atropelado onívoro, com mandíbulas fracas come pássaros, ratos, ovos, frutas às vezes, quando está perdido, vasculha latas de lixo nas ruas engasga ao mastigar garrafas de plástico ou isopores se corta e ou morre ao morder lâmpadas fluorescentes ou engolir fios elétricos morre ao lamber inseticidas ou restos de tinta ou ao engolir remédios vencidos ou seringas e agulhas descartáveis dócil, sem astúcia, é facilmente capturado e morto por traficantes de pele quando então uiva. Extinção - Régis Bonvicino Ouça: [ 56kb ] - necessário Windows Media Poesia apresentada no programa 294 (Interpretação livre de Antônio Abujamra) Sobre o autor: Régis Bonvicino nasceu em São Paulo, no dia 25 de fevereiro de 1955. Formou-se em Direito, pela USP, em 1978, trabalhou como articulista da Folha de São Paulo e de outros jornais e revistas, até ingressar na Magistratura de São Paulo, em 1990. -------------------------------------------------------------------------------- Os poemas e os textos lidos em "Provocações” são, às vezes, livre adaptação do original, por Antônio Abujamra ou Gregório Bacic. O formato em que se apresentam escritos aqui é apropriado para a leitura em TV e não o seu formato original.

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