Gente brasileira

Quem observa de outros países a falta de atitude política, entende como indiferente a postura do brasileiro diante das dificuldades econômicas e injustiças sociais provocadas pelo governo, imagina que a nossa única preocupação é o Futebol e Carnaval, que nada fazemos para mudar a situação.
Na verdade, o Carnaval e todas as outras festas populares, bem como o futebol e a arte, refletem mais do que somos do que a nossa política, até por isso a empatia. Essa gente habilidosa, criativa, disposta e bem humorada, é um povo que veste e sua a camisa para garantir o pão, e inventa fantasias para transformar a dura realidade e mascarar a fome com fé no amanhã.
É mesmo de sonhos e esperança que sobrevive a maioria da população – a base que sustenta uma minoria, num topo cada vez mais alto. Nessa eterna e injusta triangulação social, onde os valores não elevam, nem equilibram as diferenças, coexistem os afortunados herdeiros desde muito antes das capitanias, de um lado e de outro, os descendentes dos que foram escravizados, massacrados e por fim apenas marginalizados – sagrados direitos humanos. Numa desigualdade clara, medida pelos duros índices estatísticos, a pobreza e o analfabetismo, só perdem para a esperança. Pois mesmo sentindo todo o peso de manter e prover o bem estar de quem já o tem, a massa brasileira ainda tem ânimo, fé e um sorriso – mesmo que desdentado na cara. Quando consegue um trabalho, trabalha arduamente, sem saber que sua dedicação tem fim único de mover a engrenagem e produzir um rico sumo para bancar as mordomias das estirpes multimilionárias ou de políticos corruptos. Garantindo em troca, pra si e pros seus, o bagaço repisado.
Povo que rala, que sofre, que chora e faz festa. Mas, festa grande, show de bola mesmo, é quando o brasileiro conquista seus sonhos, seja ao apressar o tempo, começando no trabalho ainda criança, seja recuperando os dias, quando aprende a escrever já idoso. A mesma esperança que faz um jovem mudar seu presente, incorporando obrigações ainda criança, permite ao adulto não desistir da realização de escrever seu próprio nome e tracejar uma nova história.
Por mais que pensem que o povo brasileiro está alheio as crises e desajustes governamentais, ele se abstém para não perder a fé na vida e nas pessoas. Não quer criar tiranos nem terroristas para punir, como é castigado, não quer vingança, nem guerra. O brasileiro quer saúde, educação, trabalho honesto, mas, acima de tudo, quer paz. Por isso corre atrás do prejuízo herdado, ignora os desmandos e faz sua própria felicidade, seja no carnaval seja no futebol.

Um comentário:

Alien David Sousa disse...

"É mesmo de sonhos e esperança que sobrevive a maioria da população "

E é pena que não tenham lideres à altura do povo que são!

Beijinhos